Entrevista com Irmã Gloria Liliana Franco Echeverri, ODN, Religiosa da Ordem da Companhia de Maria

Durante a Assembleia Global, a Irmã Gloria Liliana Franco, religiosa da Ordem da Companhia de Maria Nossa Senhora, ministrou uma conferência sobre a vida consagrada intitulada “Mulheres testemunhas da esperança que transforma”.
Em sua fala, partilhou uma profunda reflexão sobre o papel das mulheres consagradas no mundo atual e sobre como a esperança pode tornar-se um caminho de transformação pessoal e comunitária.
A seguir, partilhamos a entrevista realizada após a sua conferência.

Irmã Liliana, o que significa para uma mulher missionária consagrada ser testemunha da esperança?

Significa abraçar a identidade, o dom que Deus nos concede quando nos oferece a possibilidade de viver a plenitude do feminino, do que somos e do que Ele quer de nós. Significa colocar-se a caminho, compreender que somos uma Igreja em saída e que somos convidadas a estar nessas margens existenciais e geográficas onde a vida clama, esperando respostas, oportunidades e motivos para que a esperança renasça.

Significa viver a plenitude do que somos; e nós, mulheres, a partir de nossa identidade, somos chamadas a ser artesãs do cuidado. Colocar-se como artesãs do cuidado significa valorizar a existência das outras pessoas, reconhecer seus dons, acompanhar suas travessias, sustentar sua esperança, pronunciar palavras que recriem possibilidades, ajudar a gerar políticas públicas que melhorem as condições de vida das pessoas, unir-se a outros para defender a vida, a justiça e as causas comuns. Significa ser mulher segundo a lógica e o estilo de Jesus, com o seu coração.

Se tivéssemos que deixar neste momento histórico uma mensagem de esperança e sinodalidade para o mundo, o que poderíamos dizer?

Nossa esperança é Jesus de Nazaré. Nossa esperança é a experiência de que a vida é mais forte que a morte, que por trás de cada limite há uma oportunidade, uma possibilidade.

A certeza de que a noite não é o fim, de que o definitivo não é a crise, mas a possibilidade de unirmos forças e isso é o que é profundamente sinodal, de somar e caminhar como irmãos e irmãs até que a esperança renasça e as condições de vida para todos sejam aquelas que Jesus deseja.

Isso nos exige trabalhar pelo Reino com consciência das diferenças, mas a partir da experiência de que somos irmãos.

Uma mensagem para as Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus

Vocês, Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, inspiradas neste carisma que Deus concedeu a vocês e à Madre Cabrini, são chamadas a continuar ajudando-nos a sustentar a esperança neste momento histórico tão difícil, em que sentimos o peso da guerra, mas também dos nacionalismos excludentes, da xenofobia e das lógicas de alguns governantes que insistem em erguer muros e em estigmatizar.

Vocês têm um carisma que as torna guardiãs da unidade, da comunhão e da vida, justamente quando a vida é mais frágil e mais ameaçada.

Minha mensagem é: resistam, não desistam da esperança, não desistam do desejo de fazer o bem, de acompanhar os mais pobres, as vítimas, de continuar caminhando com os migrantes e os enfermos. Minha mensagem é, permaneçam unidas, como irmãs, para ajudar a esperança a renascer em nosso mundo.